A internet e as tecnologias digitais estão alterando a maneira como nos se comunicamos e aprendemos, descrito por alguns autores como sociedade da informação e o papel do professor e da escola na sociedade dinâmica do século XXI. Um mundo onde as informações estão em constante mudanças e o conhecimento sempre em expansão e mudança.
Com isso a escola possui um desafio; desenvolver nos estudantes competências para que eles estejam preparados para participar e interagir num mundo em constate mudança, que sejam capazes de aprender a aprender constantemente. Para isso, o professor terá que encontrar caminhos e aplicar metodologias que valorizem o ser flexível, criativo, capaz de encontrar soluções inovadoras para os problemas de amanhã e mostrar que a aprendizagem deixou de ser um processo estático e terá que acontecer ao longo de toda a sua vida.
Também é um desafio nos dias atuais qualificar o professor que trabalhará com essa nova geração “geração Y” que necessita cada vez mais de uma diversidade de qualificação, buscar aprender a aprender e ter a consciência de que somos seres inacabados, que devemos constantemente nos atualizar, qualificar, para acompanharmos a atualização frenética dos dias atuais.
PAPEL DO PROFESSOR E DA ESCOLA
O professor do Século XXI deve estar em constante aprendizagem, já que seu papel não se resume mais a transmissão de conteúdos e se alterou para construção de conteúdo “conhecimento” e deve estar em constante atualização, devendo estudar sempre, para estar compartilhando com seus alunos novos saberes, aprendendo novas técnicas, metodologias, maneiras novas de entender a aprendizagem, selecionar saberes, criar ambientes de práticas reflexivas, ação, reflexão e nova ação, fazer com que os alunos aprendam (sem receitas prontas), desenvolver trabalhos em equipe, trabalhar competências de comunicação, etc. Assumindo também um papel de “aprendiz”, e não apenas de transmissor de conhecimento onde exercitará com constância e transmitirá aos alunos a colaboração da construção dos conhecimentos, colocando o aluno como um elemento ativo na aprendizagem e ensinando a autonomia de aprender a aprender que é o papel primordial do professor no século XXI.
Estamos diante de um processo de ampliação do campo da docência e segundo Paulo Freire: “A consciência do mundo e a consciência de si como ser inacabado necessariamente inscrevem o ser consciente de sua inconclusão num permanente movimento de busca” (Freire, 1996, p. 64).
A internet e as tecnologias digitais alteraram a maneira como nos se comunicamos e aprendemos e as escolas precisam repensam seu papel “sua maneira de ensinar”, mudando metodologias e práticas de ensino aprendizagem, colocando o aluno como elemento ativo de sua aprendizagem e incentivando o uso de tecnologias cada vez mais presentes em sua vida como um meio que auxiliará a busca de informações e através de atividades críticas e reflexivas a transformação em conhecimento.
As escolas não podem estar constantemente alterando sua forma de ensinar, pensar e preferem manter quase sempre uma postura mais conservadora. O sociólogo Philippe Perrenoud acredita que “deve ter um equilíbrio no acompanhamento das mudanças quanto a escola mudar continuamente acompanhando as mudanças sociais, políticas e culturais”.
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE INFORMAÇÕES E CONHECIMENTOS
Informação, é “o ato ou efeito de informar, transmissão de notícias, transmissão de conhecimento”. Informação não exige crítica, reflexão, ela está em todo lugar, passa, envelhece, vem até você e tem como característica básica a circulação e modificação de uma forma muito rápida.
Conhecimento é “Ato ou efeito de conhecer. Faculdade de conhecer. Ideia, noção; informação, noticia”. Conhecimento exige crítica, reflexão, fica, é difícil de se achar, é para sempre, leva você à mais longe, sua mudança quando ocorre é de forma mais lenta.
O acesso a informação não é garantia de que disso resulte conhecimento, e muito menos, aprendizagem. O processo de construção de conhecimento se faz diante das informações apresentadas, as pessoas possam reelaborar o seu conhecimento ou até mesmo desconstrui-lo, visando uma nova construção.
TRANSMISSÃO DE CONTEÚDO / CONSTRUÇÃO DE CONTEÚDO
De início, deparamo-nos com uma questão: os professores de hoje, frequentaram uma faculdade/universidade com a metodologia de transmissão ou de construção de conteúdo? Inicialmente a mudança de paradigma de transmissão para construção é vista com resistência pelos professores, pois hoje no Brasil existem raras e louváveis exceções de faculdades que estão organizadas e estruturadas com metodologias ativas de aprendizagem.
As metodologias de transmissão de conteúdo o professor é o centro da aprendizagem, primam pela falta de integração entre os componentes curriculares e entre os professores, pela falta de unidades nas relações entre teoria e prática, pela formação de um aluno passivo “receptor de conhecimento”, desinteressados, alta taxa de evasão escolar, etc.
As metodologias de construção de conhecimento o centro da aprendizagem é o aluno, primam pela construção de alunos ativos, críticos, reflexivos, sujeito da aprendizagem e da própria história, tendo capacidade de pensar crítica e criativamente, sendo aptos para obter informações e interpreta-las adequadamente, sabendo construir/reconstruir o saber, definir seu destino, nele atuando e transformando-o, sendo aplicadas através de estudo de caso, projetos, etc.
MUDANÇAS PARA ABRIR ESPAÇOS PARA FORMAR O PROFESSOR CRÍTICO E REFLEXIVO
Na formação ainda hoje praticada pelas universidades, o futuro professor aprende a transmitir conhecimentos pela didática reprodutiva, num esquema de racionalidade técnica, concepção ainda hegemônica nas licenciaturas e nos cursos de formação especial, com raras e honrosas exceções. Nesse aspecto, Ribas, ao analisar a formação atual do professor brasileiro, aponta as tradicionais e reconhecidas deficiências que se mantem ao longo dos anos:
A formação do professor se faz, ainda hoje, com base em estudos e modelos do passado baseados numa realidade ideal que nunca se concretizou. Produz-se, assim, uma defasagem entre o pensado e o construído. Considerando-se o avanço cientifico e tecnológico e as transformações sociais daí decorrentes, se for mantida a mesma formação, a ação docente não será a mais adequada para formar as gerações atuais. A simples transmissão do conhecimento não justifica o trabalho professor. O momento histórico exige outra mentalidade, outro modo de ser e agir.
Segundo Ângela de Almeida Mogadouro Calil, a prática reflexiva e a participação crítica em tempos de mudanças e incertezas, de ampliação do conhecimento a uma velocidade incomensurável são propostas bastante interessante para que o professor consiga desempenhar com eficácia a sua profissão. Para atingirmos o “ideal” teremos que realizar uma mudança na formação professor em conjunto com elementos críticos e reflexivos.
REFERÊNCIAS
Formação de professores e escola na contemporaneidade / Maria Graziela Feldmam (organizadora). – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2009.
Perfil e formação do professor de educação profissional técnica /Cleonice Matos Rehem. São Paulo – Editora Senac São Paulo, 2009.
Novas competências para ensinar / Philippe Perrenoud; trad. Patrícia Chittoni Ramos. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
COUTINHO, Clara. Sociedade da informação, do conhecimento e da aprendizagem: Desafios para educação no Século XXI. Disponível em: < http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/14854/1/Revista_Educa%C3%A7%C3%A3o,VolXVIII,n%C2%BA1_5-22.pdf > Acesso em 24 abr. 2015.
PERRENOUD, Philippe. Formar professores em contextos sociais em mudança: Prática reflexiva e participação crítica. Disponível em: < http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n12/n12a02.pdf > Acesso em 24 abr. 2015.