Como é de conhecimento
dos profissionais da área de redes, os roteadores
são equipamentos que controlam o encaminhamento das
mensagens que trafegam através de uma rede de computadores,
operando nos níveis 1, 2 e 3 do modelo RM-OSI. São,
dessa forma, equipamentos que interligam e que conectam
dois ou mais segmentos de rede similares, porem distintos,
compondo-os em uma rede de dimensões maiores.
Tendo em vista que
os roteadores operam ao nível de rede, eles utilizam
os endereços contidos no cabeçalho do protocolo de
rede para poder determinar para qual nó de rede um
pacote deve ser encaminhado. Os roteadores são, portanto,
responsáveis pelo roteamento dos pacotes entre redes
locais (LAN’s) e redes de longa distância (WAN’s).
Figura
1 - Aplicação do roteador em uma LAN
O Roteador
A aparência física
mais comum de um roteador é a de um equipamento semelhante
aos hubs e switches, com duas ou mais portas de interface
de rede. Essas interfaces permitem a interligação
com redes fisicamente próximas (como redes de departamentos
distintos, mas no mesmo prédio) ou com duas ou mais
redes geograficamente distantes entre si.
Juntamente com essas
portas de interface de rede é comum encontrarmos uma
porta serial para a conexão de outros equipamentos,
normalmente com a finalidade de gerenciamento e configuração.
Essa interface específica permite aos administradores
de rede configurarem o roteador de uma forma segura,
evitando um tráfego desnecessário de informações por
toda a rede.
Figura
2 - Exemplo de um roteador, mostrando as interfaces
de rede
Os roteadores também
coletam, descobrem e agregam informações sobre as
rotas de comunicação que podem ser usadas pelos computadores
e demais equipamentos no momento do envio dos pacotes
de dados. Essa tarefa é gerenciada e executada pelos
protocolos de roteamento que funcionam internamente
ao roteador.
Um roteador também
pode executar funções como firewall, ou seja, a filtragem
de pacotes e sua eliminação, sempre baseado em regras
de gerenciamento predefinidas. Por exemplo, pacotes
podem ser bloqueados e eliminados se não pertencerem
à faixa de números IP especificada pelo administrador
da rede ou no caso de estarem direcionados para aplicações
que não estão autorizadas e/ou previstas.
Funcionalidades
Os roteadores armazenam
e transmitem para outros roteadores, em outras redes,
informações e diagramas sobre as camadas de rede.
Internamente, usam protocolos específicos através
dos quais obtém informações sobre a topologia da rede,
calculam rotas para outras redes e constroem tabelas
de roteamento.
É claro que para que
tudo funcione de forma adequada, uma série de funções
é necessária para executar diversas atividades e todo
esse conjunto de funcionalidades complexas requer
a presença de um ou mais processadores e memória suficiente
para o armazenamento de todas as informações. Existem
duas atividades que são básicas para um roteador:
Determinação das melhores rotas - Determinar a melhor rota é definir por qual enlace uma determinada mensagem deve ser enviada para chegar ao seu destino de forma segura e eficiente. Para realizar esta função o roteador utiliza dois conceitos muito importantes: o conceito de métrica e o conceito de tabelas de roteamento;Transporte dos pacotes - Transportar os pacotes pela rede é uma função relativamente simples realizada pelos roteadores. Consiste em verificar o endereço de rede para onde a mensagem está destinada, determinar se o endereço é válido, traduzir para um novo endereço físico e enviar pacote.
Métrica
Métrica é o padrão
de medida usado pelos algoritmos de roteamento para
determinar o melhor caminho para o percurso entre
a origem e o destino da informação.
Ao utilizar uma métrica
pode-se utilizar apenas um parâmetro ou vários parâmetros.
A utilização de vários parâmetros permite uma melhor
modelagem da métrica e uma decisão mais eficiente
de qual é o melhor caminho. Alguns parâmetros muito
utilizados são o tamanho do caminho, a confiabilidade,
o atraso, largura de banda, carga e o custo da comunicação.
Roteamento
Roteamento é a ação
realizada por um roteador e consiste em encaminhar
pacotes, baseado em seus destinos, para interfaces
de rede ou outros roteadores.
Todo computador conectado
a uma rede, como a Internet, por exemplo, possui uma
tabela de roteamento. Esta tabela consiste em uma
lista de destinos com seus respectivos caminhos, sendo
consultada sempre que um dado vai ser enviado através
da rede. Esses caminhos podem ser interfaces de rede
(isto é, redes às quais se está diretamente conectado)
ou endereços de outros roteadores (que também possuirão
uma tabela de roteamento para decidir qual caminho
tomar).
Figura
3 - Roteamento
Cada roteador da rede
utiliza uma tabela de roteamento relacionando os destinos
e caminhos que poderão ser seguidos pelos pacotes.
As tabelas de roteamento em cada roteador são consultadas
a partir da comparação de cada pacote com as regras
da política de roteamento da rede. Deste modo, antes
do pacote ser roteado, ele é submetido a esse conjunto
de regras que determina qual tabela será usada pelo
roteador para aquele pacote específico.
Tabelas de roteamento
Os roteadores constroem
tabelas de roteamento para realizarem as suas tarefas.
Estas tabelas de roteamento contêm entradas que relacionam
um determinado destino com um enlace e uma métrica.
Dependendo das implementações, podem apresentar mais
dados, entretanto destino, enlace e métrica são os
dados essenciais.
Existem diferentes
maneiras para criar as tabelas de roteamento. Os roteadores
necessitam de uma tabela interna de roteamento através
da qual extraem as informações necessárias sobre a
rede em que atuam. Ao estabelecer uma determinada
rota, o roteador consulta essa tabela interna para
determinar o encaminhamento dos pacotes. As tabelas
podem ser de dois tipos: dinâmica ou estática. A tabela
do tipo dinâmica se apóia em protocolos de roteamento
do tipo RIP, OSPF e outros, baseados em algoritmos,
para escolher a melhor rota e seguem critérios denominados
de "métrica de roteamento".
Uma tabela estática
é definida pelo administrador da rede que utiliza
comandos para adicionar cada rota manualmente, em
cada roteador da rede. Este método somente é indicado
para pequenas redes, onde existe um pequeno número
de roteadores, com poucas rotas e rotas que não são
alteradas freqüentemente. Para redes maiores, com
muitas rotas e muitos roteadores, este método é simplesmente
impraticável, pois a simples adição de uma nova rota
exigiria a alteração das tabelas de roteamento em
todos os roteadores da rede.
Já com o uso dos protocolos
de roteamento dinâmico, os roteadores trocam informações
entre si, periodicamente e "aprendem" sobre
a rede e sobre as rotas disponíveis, ou seja, vão
"descobrindo" as rotas existentes e gravando
estas rotas em suas tabelas de roteamento. Se um roteador
ficar off-line, em pouco tempo os demais roteadores
identificarão o estado deste roteador e atualizarão,
automaticamente, suas tabelas de roteamento.
Com isso cada roteador
aprende novos caminhos, já considerando a indisponibilidade
do roteador com problemas, e repassam estas informações
para os demais roteadores. Esta possibilidade não
existe quando as tabelas são criadas manualmente,
conforme descrito anteriormente.
Tipos de algoritmos de roteamento
Estático - Um algoritmo de roteamento do tipo estático não baseia as suas decisões de roteamento em medidas ou estimativas de tráfego ou em topologias correntes. As rotas são predefinidas e carregadas no roteador no processo de inicialização da rede;Dinâmico - Um algoritmo de roteamento dinâmico tenta mudar as suas decisões de roteamento de acordo com as mudanças de tráfego e de topologia. A tabela de roteamento se modifica com o passar do tempo;Estrutura plana - Neste tipo de algoritmo, todos os roteadores estão em um mesmo nível. As informações não são organizadas e distribuídas hierarquicamente;Estrutura hierárquica - As informações de roteamento são organizadas hierarquicamente. Dependendo da hierarquia do roteador, a sua tabela de roteamento e a sua comunicação com outros roteadores são diferentes;Algoritmos intra-domínios - Estes são algoritmos executados por roteadores de dentro de um determinado Sistema Autônomo. Eles permitem que sejam definidas as rotas para dentro da rede de uma determinada organização;Algoritmos inter-domínios - Estes são algoritmos executados por roteadores que estão nos limites dos domínios. Permitem a definição das rotas que são utilizadas para a comunicação com equipamentos de fora de um determinado Sistema Autônomo.
Requisitos do roteador
Para um roteador funcionar
de forma adequada dentro de uma rede é necessário
que ele execute algumas tarefas. Ele deve "aprender"
a topologia da sub-rede e escolher os caminhos adequados
dentro da mesma. Deve cuidar para que algumas rotas
não sejam sobrecarregadas enquanto outras fiquem sem
uso e deve resolver os problemas que ocorrem quando
a origem e o destino estão em redes diferentes.
Internamente ao roteador
temos duas características importantes que influenciam
sua performance em uma rede de computadores: a memória
e o algoritmo de roteamento utilizado:
Memória Buffer
Roteadores usam memórias
tipo "buffer" que são blocos que armazenam
temporariamente os pacotes de dados até o momento
em que são processados. Cada uma das interfaces de
rede do roteador possui memória buffer para os pacotes
de dados que entram pelo roteador e outra memória
do mesmo tipo para os pacotes de dados que saem do
roteador.
As memórias buffer
são um ponto chave na eficiência de um roteador e
essa informação pode ser usada na identificação de
um bom equipamento, pois o seu tamanho é crítico e
pode determinar a performance geral da rede. Por exemplo,
se o tráfego de dados da rede em direção ao roteador
é excessivo, ou o roteador não possui memória suficiente,
as memórias buffer rapidamente se completam (se saturam)
com os pacotes de dados e, considerando que a velocidade
com que os mesmos são processados é inferior a velocidade
com que novos pacotes chegam, os pacotes em excesso
são ignorados, o que faz com que sejam retransmitidos
pela rede de origem. A retransmissão desses pacotes
afeta diretamente a velocidade e eficiência da rede
como um todo.
Por outro lado, memória
buffer em quantidade excessiva pode causar muita espera
no serviço de roteamento, pois o usuário, ou o equipamento,
enviará os dados ao roteador, estes serão aceitos
em função da grande quantidade de memória e ficarão
aguardando um tempo maior para serem processados.
Quando um pacote chega
em uma porta do roteador, ele e posicionado na memória
buffer de entrada para aguardar o seu processamento.
Em alguns casos um pacote de dados pode ser endereçado
para um equipamento localizado dentro da rede do próprio
roteador, mas a grande maioria requer apenas o processamento
de redirecionamento (ou retransmissão) para outras
redes.
Algoritmo de roteamento
Todos os roteadores
executam um algoritmo de roteamento. O algoritmo de
roteamento é uma parte do programa de nível de rede
responsável por decidir para qual linha um pacote
deve ser enviada a fim de chegar ao seu destino. São
características desejáveis para um algoritmo de roteamento:
Correção - O algoritmo deve calcular corretamente as rotas para alcançar todos os destinos. Esta característica deve ser complementada pela derivação da melhor rota. Não basta que o algoritmo descubra uma rota para um destino, é necessário que ele descubra a melhor rota possível;Simplicidade - O algoritmo deve ser eficiente para não sobrecarregar a rede. Além disso, é importante que o administrador da rede possa entender como o ele é executado;Estabilidade - O algoritmo deve convergir rapidamente. O termo "convergir" neste caso significa ficar em um estado correto. Por exemplo, quando ocorre alguma modificação na topologia da rede, as tabelas de roteamento de alguns roteadores apresentarão uma informação desatualizada. No momento em que todos os roteadores estiverem com suas tabelas corretas, diz-se que o algoritmo convergiu. Quanto mais rápido ocorrer este processo, melhor;Robustez - Uma vez a rede em operação, esta deve permanecer o maior tempo possível sem que ocorram falhas no sistema. As falhas isoladas de hardware e software e mudanças na topologia da rede devem ser tratadas pelo algoritmo de roteamento que deverá ser capaz de resolver tais modificações sem requerer uma reinicialização de todo o sistema;Consideração com o usuário e eficiência global - Um algoritmo de roteamento deve melhorar a eficiência da rede sem deixar de considerar os diversos usuários e aplicativos dessa mesma rede.
Conclusão
Para que a comunicação
de uma rede local com outras redes seja possível,
é necessário um equipamento que seja capaz de enviar
e receber informações de / para essas redes. O roteador
torna-se, dessa forma, o principal componente na interligação
de redes de computadores. Todo pacote contendo informação
enviado para outras redes deve, obrigatoriamente,
passar pelo roteador, assim como todo pacote de informação
proveniente de outras redes também deve passar por
ele.
Os roteadores permitem
a troca de informações entre redes locais (LAN’s)
e redes locais e remotas (WAN’s), encaminhando os
pacotes de mensagens pelos diversos percursos possíveis
(enlaces). Como cada roteador tem uma tabela com todas
as rotas conhecidas, ele recebe e encaminha os pacotes
de dados em alta velocidade, escolhendo o melhor caminho
para realizar essa tarefa. Tal operação é conhecida
como "roteamento" e realizada entre redes
diferentes.
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