Os cabos podem ser
feios, mas ainda são cruciais na construção de uma
rede de computadores. O grande valor e beleza do cabeamento
está na possibilidade de vários produtos funcionarem
em conjunto e comunicarem-se mutuamente através de
um cabo de rede. É claro que essa comunicação só é
possível porque os projetistas seguem os mesmos padrões
de interligação para todos o cabeamento da rede.
Com o crescimento
do uso das redes de computadores e a agregação de
novos serviços e mídias como voz, dados, telefonia,
multimídia, etc, surgiu a necessidade de se estabelecer
critérios para ordenar e estruturar os sistemas de
cabeamento dentro das empresas. Existe um grande número
de especificações que cobrem os diversos tipos de
cabos e que surgiram de muitas fontes diferentes,
variando desde códigos de incêndio até detalhadas
especificações elétricas.
Como resultado, as
especificações e padrões muitas vezes se sobrepõem
e acabam causando confusão; porém entendê-las é muito
importante para se projetar adequadamente a infra-estrutura
de uma rede de computadores. O cabeamento é, provavelmente,
a parte mais complexa da infra-estrutura de um sistema
em rede e, certamente, a qualidade deste sistema não
será melhor que a qualidade de seu cabeamento.
Padronização
Temos várias organizações,
entidades governamentais e grupos de empresas que
regulamentam e especificam os tipos de cabos utilizados
em redes. Organizações internacionais como o IEEE
(Institute of Electrical and Electronic Engineers),
a EIA/TIA (Electronic Industry Association e Telecommunications
Industries Association), a UL (Underwriters Laboratories),
ISO/IEC (International Standards Organization / International
Electrotechnical Commission), criam códigos e geram
todas as especificações dos materiais utilizados no
cabeamento, assim como os padrões de instalação.
Algumas empresas desenvolveram
especificações detalhadas para conectores, cabos,
centros de distribuição e sobre técnicas de instalação,
chamadas Premise Distribution Systems (PDS) ou Sistemas
Básicos de Distribuição. As PDS consistem do cabeamento
e dos diversos componentes integrados para possibilitar
a interligação dos diversos dispositivos de redes
de computadores (PC’s, impressoras, câmeras) e uma
variedade de outros dispositivos. Essas arquiteturas
precederam e serviram de referência para os trabalhos
da EIA/TIA e UL. Por exemplo, o conceito original
de níveis (tipos de cabeamento) de uma grande empresa
do segmento de componentes para redes é usado pelos
padrões EIA/TIA e do UL. A EIA/TIA gerou os padrões
568 e 569 sobre características elétricas dos cabos.
O IEEE incluiu requisitos mínimos para o cabeamento
através de suas especificações da série 802. O UL
concentra-se em padrões de segurança, possuindo programas
de certificação para avaliar o cabeamento de rede.
A ISO/IEC desenvolveu um padrão de cabeamento denominado
Cabeamento Genérico para Instalação do Cliente (Generic
Cabling for Customer Premises), denominado de ISO/IEC
11801. A norma ISO/IEC 11801 é equivalente a EIA/TIA
568. No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) publicou a norma NBR 14565, com o procedimento
básico para elaboração de projetos de cabeamento de
telecomunicações para rede interna estruturada.
Sistemas de Cabeamento
O coração de um sistema
de cabeamento é a série de especificações de todos
os elementos que compõem sua infra-estrutura. Ao criar
e suportar um padrão de cabeamento tenta-se garantir
um ambiente estável para a operação dos equipamentos
em rede. Os cabos, conectores e demais acessórios
são descritos por uma documentação que determina também
como devem ser certificados, tudo de acordo com as
orientações elaboradas pelos organismos de padronização.
Os equipamentos para
a interconexão e terminação flexibilizam um PDS, complementam
o sistema de cabeamento, mas em geral, o sistema ainda
é muito dependente dos seus conectores e terminais.
Se os responsáveis pelo projeto de cabeamento e seus
executores seguirem o orientado pela documentação,
o sistema de cabeamento funcionará em qualquer ambiente
e terá um tempo de vida superior aos próprios equipamentos
de rede.
EIA/TIA
A EIA/TIA especifica
categorias de cabeamento em cabos coaxiais, cabos
de par trançado e cabos de fibra óptica. O padrão
EIA/TIA descreve tanto as especificações de performance
do cabo quanto sua instalação. Porém esse padrão deixa
espaço para que os responsáveis pelo projeto da rede
física façam suas opções e expansões
O padrão EIA/TIA 568
Implementou um padrão genérico de cabeamento de telecomunicações
capaz de suportar ambientes com varados produtos e
fornecedores. Esse padrão tem como principal vantagem
ser um padrão aberto, ou seja, é possível selecionar
e especificar cabos que obedeçam a uma categoria específica
do padrão e saber que vai se obter uma gama enorme
de produtos compatíveis entre si, favorecendo a integração
dos diversos ambientes de redes que conhecemos atualmente.
Código para Eletricidade
Passar cabeamento
através da estrutura de edifícios implica no risco
de incêndios. Várias entidades e fabricantes têm estabelecido
padrões de como um cabo deve se comportar na presença
de fogo. Um código de aceitação internacional é o
NEC (National Electrical Code), desenvolvido pelo
NFPA (National Fire Protection Association) dos Estados
Unidos, que descreve vários tipos materiais a serem
usados na produção dos cabos. Esse código estabelece,
entre outras coisas, o limite de tempo máximo que
um cabo deve queimar após a chama ter sido aplicada.
Os padrões NEC são
listados em muitos catálogos de cabos e acessórios,
classificando categorias específicas de cabos de cobre
para determinados tipos de uso. Por exemplo, os cabos
para redes locais estão geralmente classificados na
categoria do tipo CM (communications, ou comunicações),
ou no tipo MP (MultiPurpose, ou uso geral). Cada tipo
de cabo possui ainda uma letra para designar seu uso.
Por exemplo, a letra P, no tipo CMP (Communications
Plenum) indica um cabo com propagação limitada de
chamas e baixa produção de fumaça. Convém salientar
que o código define "plenum" como sendo
um canal ou sistema de dutos feitos para conduzir
ar. Um forro falso ou piso não são considerados plenum.
Underwriters Laboratories
O UL possui padrões
de segurança para cabos que estão de acordo com o
NEC. Por exemplo, o UL 444 é o padrão de segurança
para cabos de comunicação e o UL 13 é o padrão de
segurança para cabos utilizados em circuitos de potencia
limitada. Os cabos para redes podem cair em qualquer
uma das duas categorias. O UL avalia amostras de cabos
e depois conduz testes e inspeções de acompanhamento,
que servem como referência para os fabricantes e integradores
de sistemas.
As classificações
do UL vão desde Nível I até V e têm a ver com performance
e segurança, portanto os produtos que têm nível UL
também atendem às especificações NEC apropriadas e
aos padrões EIA/TIA para uma categoria específica.
Cabos que possuem classificações UL, exibem na camada
externa as indicações Level I, LVL I ou LEV 1, por
exemplo.
Conclusão
Um conhecimento dos
padrões de cabeamento é absolutamente crucial quando
se está na fase de projeto de uma nova rede ou melhoria
/ ampliação de uma rede existente. Arquiteturas estruturadas
como os sistemas básicos de distribuição e as diretrizes
ditadas pelas normas e padrões de cabeamento sempre
oferecem garantias para que o projetista possa escolher
adequadamente os componentes de infra-estrutura visando
à perfeita implantação da rede.
Fonte: José
Mauricio Santos Pinheiro
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