Há quem
se disponha a acalorados debates sobre este tema.
Tentarei abordá-lo com objetividade. Com o propósito
didático, irei desconstruir algo em que acredito (formação)
para explicitar algo em que não acredito (manipulação).
Atuo
no mercado da tecnologia da informação (TI). TI tem
como principal produto "conhecimento que gera
tecnologia". Bill Gates e Steve Jobs, fundadores
da Microsoft e Apple, respectivamente, são expoentes
mundiais da TI. Suas empresas dispensam maiores apresentações,
basta dizer que são marcas mundiais e que o faturamento
delas é maior que a riqueza de países.
O que
Bill e Steve têm em comum? Além da fortuna, da vocação
empreendedora e da notoriedade mundial, nenhum deles
completou sua formação acadêmica superior. Alguém
duvida da competência deles? Os resultados desses
profissionais não dão margem a esse tipo de dúvida.
Eles são competentes!
Afirmo
que a maioria de nós sequer qualificaria para entrevista
ao cargo de analista de sistemas júnior os jovens
Bill e Steve. Esses candidatos teriam ficado no filtro
de perfil que definimos com o pessoal de Recursos
Humanos (RH).
Por outro
lado, ao longo da carreira, já analisei centenas de
currículos e fiz uns sem-número de entrevistas. Confesso
que tenho apreço por essa tarefa dado meu interesse
por formar equipes, encontrar talentos e entender
meus pares.
Concluí
que é mais fácil encontrar disparates que coerência.
Infelizmente, apenas um número pequeno de candidatos
consegue sustentar aquilo que o currículo apresenta.
Alguns mentem, mas a maioria acredita naquilo que
escreveu ou disse, apesar da verdade evidente apontar
em outra direção.
"Ter"
um título ou determinada certificação, tornou-se mais
importante que "ser" aquilo que o título
ou certificado confere. Conheci gerentes que não sabiam
gerenciar. Analistas que não sabiam analisar. Administradores
que não sabiam administrar, entre outros exemplos
que optei por não citar.
O filosófo
alemão Friedrich Nietzsche diz que a mentira não é
o maior perigo a que estamos submetidos. O perigo
se encontra em algo que potencializa a verdade, ou
seja, a convicção. A mentira em si já é algo que implica
numa não verdade, no entanto, a convicção potencializa
a verdade mesmo que esta seja uma mentira.
Criou-se
uma indústria paralela em torno da formação. Ganham
com isso as instituições oportunistas que formam e
oferecem ao mercado cada vez mais profissionais menos
preparados. Perdem os profissionais que investem e
não obtém o conhecimento pretendido. Perdem as instituições
sérias. Perdem as empresas que compram conhecimento
que não existe.
Minha
posição sobre "Ter" ou "Ser"?
Digo que é melhor que o profissional procure o equilíbrio
entre as duas coisas. É tão importante que ele obtenha
títulos e certificações, quanto é necessário que ele
seja aquilo que disser que é.
Complemento
agora esta reflexão relatando um frase também atribuída
a Nietzsche, citada em um dos comentários que já recebi
sobre este tema, que traduz e sintetiza tudo aquilo
que tentei dizer com este texto: "Torna-te aquilo
que és!"
Fonte: Rodrigo
Campos
Diretor Presidente do Allegro Business Group.
Consultor atuante no mercado de tecnologia da informação e logística há mais de 15 anos.
Diretor Presidente do Allegro Business Group.
Consultor atuante no mercado de tecnologia da informação e logística há mais de 15 anos.
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